sexta-feira, setembro 16, 2011
brancos
sentidos perdidos. ao de leve, o escrevinhar de um lápis nº2 alerta-me. as veias saltam e definham lentamente, como uma fogueira comunitária. a acreditar na previsão, todos regressaremos ao estado mais puro. o branco.
quinta-feira, setembro 01, 2011
Nimbus
o poderio da nuvem contrasta com a sua cor esbranquiçada. estrangulada, segue o seu rumo sem desvios. na linha que define o fim do mundo uma marca. de cimento, batida pelas horas. o ziguezaguear bruto, o tornear suave e ligeiro e a dança pedem para tornar este momento indefinido e em loop. uma loura e um escrito velho giram à minha volta. um postal no cimo do monte, coberto de um nevoeiro denso e escuro.
segunda-feira, maio 09, 2011
rumo a Este
o vento leva-me pelo mar fora e rodeia-me de estrelas cadentes e de um céu luminoso como nunca antes visto. num quotidiano preenchido de azul e a vastidão oceânica, consigo encaixar tudo como um simples puzzle.
o sol bate no contraplacado em movimentos pendulares. a madeira do quarto de popa range e o marulho revolve e envolve tudo.
atemorizado por um certo vazio da noite, desço o lance de escadas e dou comigo envolvido por uma escuridão que, incrivelmente, é reconfortante. adormeço.
quarta-feira, março 30, 2011
tiradas de paz
o tempo dá de si. novamente. o sangue que se esvai daquela veia imensa. um esgar e o último som de vida. o soalho, fecundo e simultaneamente morto, tem uma cicatriz. uma planta e cinco dedos.
na esquina do corredor está escuro. mas com cal. 18 anos sem dar sinal de si.
uma fiada de letras tornou-a mais pensativa e optimista.
terça-feira, março 29, 2011
soprar as velas
doce passagem. aplausos e aquela batida constante do coração. os tons de Primavera que começam a notar-se de dia. e de noite, ainda o soar do Inverno, querendo dar mostras de não quebrar. o aniversário de Março é o prenúncio do que está para chegar. todos juntos como sempre, aquela certeza familiar que são o sopro das velas e o chocolate no bolo.
ah, e os postais também.
sexta-feira, março 04, 2011
depois e antes
zen. a palavra juntamente com uma pilha de livros pela minha esquerda. fruta, tecnologia e os pés quentes.
todavia quero mais e nada acontece.
"when I was greener than a gun". não vamos chegar a lado nenhum desta forma. aquele corredor caiado, o telefone novamente na esquerda, as portas de madeira, branca, e a cozinha. no final, uma portinhola com uma rede verde e vista do jardim com uma árvore de fruto. e a bela da sombra.
voar. sinónimo de liberdade.
quinta-feira, fevereiro 10, 2011
tiras
de papel obviamente. adverbial. nominal.
o sol bate e reflecte o verde dos ramos da árvore, prostrada há séculos em frente à praia, a fazer sombra aos passageiros. mundanos. daqui e d´acolá. o vento, omnipresente aqui e ali, esse faz-se sentir sem ser convidado.
bem longe, no horizonte do final do dia, um barco. uma ilha. de passagem como sempre.
erguer
a caneta ou o lápis. imaginar linhas e folhas completas com palavras. com ou sem sentido.
rolar. cabecear. esfregar os olhos e pegar novamente num conjunto de livros. a composição no armário e aquele pedaço de memórias da infância encostadas na parede, dentro de um caixote de plástico. sinais do tempo.
e o vento. sempre o vento.
quinta-feira, maio 13, 2010
epígrafe
uma cozinha e um forno de lenha. o chão de pedra fria com o seu cheiro acre inconfundível. o corredor que nos aperta a passagem, o padrão dos azulejos bejes e castanhos que nos moldam a memória. a tristeza inerente ao tempo. um manifesto agudo da nossa humanidade.
o mapa
uma saída repentina. o caminho afigura-se tempestuoso, com nuvens baixas. o poder do assobio é insuperável. nisto revejo o meu bloco de notas. rabiscos e algumas gralhas detêm-me na imensidão dos plátanos e arbustos. estou a delirar.
abri os olhos e estou no escuro. novamente. mexo os braços e reviro os olhos. um mapa indecifrável e novamente o horizonte repleto de incertezas.
terça-feira, abril 06, 2010
o que se passa aí ?
o espectáculo vai começar anuncia o fazedor de sonhos. e nada acontece. saio disparado como uma bala. uma pausa e a lentidão instala-se novamente.
uma pilha de roupas no sofá, uma mente que dorme e o som da aparelhagem a encher o vazio dominante da sala.
está na hora.
um fado florestal
encontro-me a trilhar caminhos estranhos. daqueles que nunca se adivinha o final. por ser tarde, desvio-me do trilho principal à procura de um abrigo. não. algo que soa a diferente. um díptico ou uma onomatopeia ao longe, naquela distância que te leva à impaciência.
um cerrar de olhos deve resolver a situação. sim. mas não completamente que já é noite. sussurro às folhas e aos habitantes do escuro que agora me envolve uma frase enigmática. para mim e não para eles.
foi assim que passei no exame.
quinta-feira, março 11, 2010
abri a porta
um marcador de um livro. algum caruncho no livro branco. palavras, que já não são minhas, cujos relevos cortam-me a respiração. o costumeiro revisitar do que já passou.
jurisdições antigas revisitadas. tratamentos da mente numa manta de retalhos e de trapos. o retrato possível do quarto. sempre o quarto, esse espaço confinado de quatro cantos onde tudo se pode passar.
um final ponderado
bendito sejas tu. uma tríade de palavras compreendida entre o mistério e uma certa verdade. lentamente desligamos da realidade que nos acolhe desde o início.
num deslize acidental, sinto o calor inesperado de um romance que já não me é desconhecido. duas flores no terraço, o gato fugidio e o grito para se ir tomar o pequeno-almoço.
um acordo ao qual me oponho ferozmente.
duas folhas com notas
num simples dedilhar escondem-se palavras e notas. um coração despido e crú. tiradas e versos escritos em tinta permanente. criteriosamente seleccionados os livros, as estantes e o chão de madeira clara. de cima para baixo encontro três abstracções inconfundíveis e sombras indecifráveis. descortino o segredo.
sinto a calma lá fora, o alcatrão seco e o silêncio que nos domina sempre.
sexta-feira, fevereiro 26, 2010
olhos postos no céu
um assalto. caras cobertas e a palavra mistério ali tão perto. um chão coberto de rosas, num esteio de um qualquer patamar. o andar está sem apoios, e nada vejo senão a cor branca. perdido no meio de um pedaço de terra conhecido.
as canas e algumas rosas despontam com o nascer do sol.
espelho
um silêncio impossível de quebrar. uma má disposição ali tão presente, tão viva e pesada. cerrado antes, aberto agora. bucólico momento. repetição de palavras finais. bustos e gralhas gramaticais numa ilusão ponto pêtê.
quinta-feira, fevereiro 18, 2010
o sopro do vento
caminho lentamente e revejo tudo. mais à frente no tempo, sinto o sol a bater-me na face. deparo-me sozinho num campo de areia. eu e o vento. limpando as lentes constato que a lua está ao meu alcance. não estou só, penso. queria escrever mas só tenho grãos de areia e os meus dedos. chega o desmaio. trepido. arrebito. foi o meu companheiro de viagem, o vento.
se faz favor.
se faz favor.
vasos de um funeral
perdido uma vez mais na imensidão dos meu sonhos. as pedras de calçada húmidas e aquele orvalho que nos consome. o odor do húmus.
revolto-me novamente. agito a bandeira mas ela espantosamente não se mexe. as flores estão murchas. a água secou. os vasos estão dispostos no muro, religiosamente como um terço. a minha vista alcança um funeral vestido de preto. a música do soluçar. volto as minhas costas e fixo-me numa parede branca.
revolto-me novamente. agito a bandeira mas ela espantosamente não se mexe. as flores estão murchas. a água secou. os vasos estão dispostos no muro, religiosamente como um terço. a minha vista alcança um funeral vestido de preto. a música do soluçar. volto as minhas costas e fixo-me numa parede branca.
domingo, janeiro 31, 2010
tragos de um horizonte perdido
bebidas na mesa. grãos de areia no chão. o cheiro intransmissível do bolo de chocolate ao lado da cafeteira. aos pés das mesa, junto à carpete, uma uva perdida. o vaso com histórias para contar e o envelope com novidades para dar. trepo as escadas rapidamente. chego a tempo de ver o sol a desaparecer no horizonte pela fresta da janela minúscula.
Subscrever:
Mensagens (Atom)