sexta-feira, fevereiro 26, 2010

olhos postos no céu

um assalto. caras cobertas e a palavra mistério ali tão perto. um chão coberto de rosas, num esteio de um qualquer patamar. o andar está sem apoios, e nada vejo senão a cor branca. perdido no meio de um pedaço de terra conhecido.
as canas e algumas rosas despontam com o nascer do sol.

espelho

um silêncio impossível de quebrar. uma má disposição ali tão presente, tão viva e pesada. cerrado antes, aberto agora. bucólico momento. repetição de palavras finais. bustos e gralhas gramaticais numa ilusão ponto pêtê.

quinta-feira, fevereiro 18, 2010

o sopro do vento

caminho lentamente e revejo tudo. mais à frente no tempo, sinto o sol a bater-me na face. deparo-me sozinho num campo de areia. eu e o vento. limpando as lentes constato que a lua está ao meu alcance. não estou só, penso. queria escrever mas só tenho grãos de areia e os meus dedos. chega o desmaio. trepido. arrebito. foi o meu companheiro de viagem, o vento.
se faz favor.

vasos de um funeral

perdido uma vez mais na imensidão dos meu sonhos. as pedras de calçada húmidas e aquele orvalho que nos consome. o odor do húmus.
revolto-me novamente. agito a bandeira mas ela espantosamente não se mexe. as flores estão murchas. a água secou. os vasos estão dispostos no muro, religiosamente como um terço. a minha vista alcança um funeral vestido de preto. a música do soluçar. volto as minhas costas e fixo-me numa parede branca.