quinta-feira, março 11, 2010

abri a porta

um marcador de um livro. algum caruncho no livro branco. palavras, que já não são minhas, cujos relevos cortam-me a respiração. o costumeiro revisitar do que já passou.
jurisdições antigas revisitadas. tratamentos da mente numa manta de retalhos e de trapos. o retrato possível do quarto. sempre o quarto, esse espaço confinado de quatro cantos onde tudo se pode passar.

um final ponderado

bendito sejas tu. uma tríade de palavras compreendida entre o mistério e uma certa verdade. lentamente desligamos da realidade que nos acolhe desde o início.
num deslize acidental, sinto o calor inesperado de um romance que já não me é desconhecido. duas flores no terraço, o gato fugidio e o grito para se ir tomar o pequeno-almoço.
um acordo ao qual me oponho ferozmente.

duas folhas com notas

num simples dedilhar escondem-se palavras e notas. um coração despido e crú. tiradas e versos escritos em tinta permanente. criteriosamente seleccionados os livros, as estantes e o chão de madeira clara. de cima para baixo encontro três abstracções inconfundíveis e sombras indecifráveis. descortino o segredo.
sinto a calma lá fora, o alcatrão seco e o silêncio que nos domina sempre.